Guia Definitivo de Fotografia de Natureza

Gosta de fotografar paisagem, animais, flores e lugares bonitos? Para os amantes desta nobre arte, preparamos com muito carinho  esse Guia Definitivo sobre Fotografia de Natureza

Eu me lembro de ter um certo fascínio por fotografia de natureza e vida selvagem desde criança, quando assistia aos documentários da Discovery, há uns bons anos atrás…

E o curioso é que a fotografia de natureza tem se tornado bastante popular; muita gente adora registrar os lugares que vai, as paisagens, os animais, flores e tudo mais que abrange a extensa área da fotografia de natureza.

E como fazer com que nossa fotografia cause algum impacto nos lugares por onde passamos?

 

Não que ela “tenha que” causar este impacto, mas se começamos a pensar qual é nosso papel enquanto fotógrafos de natureza, fazer esse tipo de questionamento é o que pode fazer a diferença no resultado das nossas fotos.

Em um post anterior eu comentei sobre achar o por quê e da importância de se perguntar isso. E depois até comentei como foi a minha descoberta. Essas pausas para análise são fundamentais se você leva a fotografia a sério e quer, de alguma forma, deixar sua marca e sua voz no mundo.

Recentemente li um artigo do fotógrafo David Shaw e lá ele menciona algumas ‘diretrizes’ para fotógrafos de natureza, que eu prefiro chamar de “Manual de Boas Práticas”.

E já adianto, este é um guia bem completo e você vai ver sobre equipamento, composição, macro, paisagem, vida selvagem e muito mais…

Mas é importante falar também sobre boas práticas já que no meio fotográfico é comum encontrarmos algumas pessoas que se acham acima do bem e do mal e que não precisam respeitar nada e nem ninguém…

Como nós (eu e você) não somos assim, vamos as dicas de comportamento antes de mais nada!

“Manual de Boas Práticas: Edição Fotógrafos de Natureza”

RESPEITE AS OUTRAS PESSOAS

O que nós fazemos enquanto fotógrafos não é mais ou menos importante do que as atividades de outras pessoas. Então respeite outros fotógrafos e até mesmo pessoas “normais” que não sejam fotógrafos.

Em alguns lugares os fotógrafos estão ganhando “má fama” por seu mau comportamento. E nós não podemos permitir isso!

Resumindo: seja gentil. A sua super câmera ou super teleobjetiva enorme não te faz superior a ninguém.

NÃO PERTURBE

Já vi algumas cenas de fotógrafos interferindo na cena para conseguir boas fotos.

Um exemplo bem comum é na fotografia de aves, em que o fotógrafo usa o recurso do playback para atrair a ave (ele põe o canto daquela ave para assim atraí-la e conseguir fotografar).

fotografia de natureza guia definitivo - uso do playback

É bem comum ver fotógrafos doidos pelo clique exagerando no playback. Isso é péssimo, pois estamos interferindo no comportamento natural do bicho. Muitas vezes ao exagerar no playback, espantamos o bicho pra longe, as vezes ele pode abandonar o ninho. Ou sabe-se lá que outras consequências danosas isso pode ter.

O uso consciente do playback pode ajudar bastante, pois te permite ver aves que são bem difíceis de ver naturalmente. Mas nada de deixar o canto rolando por uma eternidade! Chame algumas vezes e pronto.

Pense:

Se a sua presença ou suas ações estão impactando o comportamento dos animais, é hora de dar meia volta.

 

AVISO: Isso pode até ser perigoso. Alguns animais, como o tamanduá, podem parecer ‘tranquilos’ mas são bem perigosos. As vezes na empolgação do momento o fotógrafo quer se aproximar cada vez mais do animal e isso pode não ser muito legal…

Nota: No caso dessa foto abaixo, o Elton estava “de boa” no mato quando ouviu um bicho grande chegando… Ficou quietinho e quando se deu conta era esse big tamamduá bandeira. Aparentemente o bicho estava bem tranquilo, tanto é que o Elton conseguiu as fotos com tranquilidade (mesmo com a tremedeira da emoção do momento). Mas ele não abusou. Fez as fotos a uma distância segura e seguiu seu rumo, deixando o bicho em paz…


Lembre-se: Não ponha você e nem o animal em risco. Mantenha uma distância segura.


SIGA AS REGRAS:

A maioria dos parques, reservas e etc, tem suas próprias regras e por alguma razão (assim eu espero!). Se um fotógrafo quebra alguma dessas regras para conseguir uma foto, isso pode prejudicar a reputação de todos os fotógrafos de modo geral.


Então, saiba quais são as regras e respeite!


fotografia de natureza guia definitivo - serra da canastra


EQUIPAMENTO

  • Câmera DSLR: Seja fullframe ou cropada. Claro que no caso da fullframe você tem uma vantagem na fotografia de paisagem com grande angulares. Mas nada pra te deixar deprê caso só tenha câmera de sensor cropado.
  • Lente Grande Angular: Pode ser uma 10-22mm, 17-40mm, 16-35mm… Essas são bem populares e bastante utilizadas. Mas, se de repente você só tem a lente do kit (seja 18-55mm ou 18-135mm) sem problemas! Essas lentes também se encaixam aqui e com elas você pode fazer muita foto de paisagem.
  • Lente Teleobjetiva: A 70-200mm é excelente em termos de qualidade e praticidade pois ela cobre um range bem bacana. Não tem essa? Então vá de 55-250mm ou de 70-300mm. Ah, e antes que você fique na dúvida, entre a 75-300mm e a 70-300mm prefiro a 70-300mm pois ela tem IS e tem a qualidade um pouco melhor. Quer mais zoom? Então parta para uma 100-400mm.
  • Celular: Sim! Em muitos casos deixo uma lente macro na câmera (por exemplo) e uso meu celular para fazer algumas fotos de paisagem.
  • Lente Macro: Para quem aprecia o mundo macro, recomendo muito uma lente específica para esse fim. Pode ser a 60mm, 100mm ou a 120mm. Usamos aqui a 100mm F/2.8 sem IS e é fantástica… Fica como sugestão de lente boa com preço bom.
  • Tripé: Ítem indispensável para fotografar natureza, paisagem, vida animal, macro, longa exposição. No começo eu tinha preguiça de carregar aquilo… Mas acostumei e agora não saio mais sem ele.
  • Filtro de Densidade Neutra (ND): Pra fazer fotos de longa exposição (principalmente na luz do dia) esse filtro é indispensável. E tem alguns que são variáveis. AQUI neste artigo você pode ver mais sobre esse filtro.
  • Filtro Polarizador: Excelente para remover reflexos de alguns tipos de superfície que refletem luz, como água por exemplo.
  • Disparador Remoto: Não é um item indispensável mas é útil para alguns tipos de foto… Por exemplo, se você planeja um timelapse, é importante ter um. Ou se quer fazer disparos mais longos e não quer pressionar o botão. Ou se quiser utilizar o modo Bulb da câmera.

Pronto! Agora é só botar tudo dentro da mochila e ir pro abraço… Claro que aqui estão as minhas sugestões baseado no que nós usamos. Cada um tem suas preferências e não estou batendo martelo nenhum, ok?


COMPOSIÇÃO E EXPOSIÇÃO


É meio difícil falar sobre composição e exposição pois é aí onde a arte começa a fazer parte do processo fotográfico.

Aí você pode falar:

Pô, Chris, mas então não existe esse lance de fotografia bem exposta? Você falou que tem que olhar o fotômetro“…


E sim, essa “exposição ideal” seria quando o fotômetro estivesse zerado ou próximo do zero: quando as áreas de realce não estouram e nem quando as áreas de sombra perdem detalhe.


Mas um mundo onde toda imagem estivesse “corretamente exposta” seria muito chato!

Esse é um exemplo que sempre gostamos de citar, onde uma “falha” do flash, resultou nessa foto meio subexposta do Elton. Ou seja, se você for olhar o histograma dessa foto, ele vai estar todo pra esquerda, cheio de áreas escuras. Mas e daí? Foi justamente isso que gostamos na foto, ora pois!





Ao invés de se prender no que é correto, é bem mais válido entender COMO a sua configuração vai impactar sua imagem.

Só então você decide o que é melhor para aquela situação.





VELOCIDADE DO OBTURADOR

A velocidade do obturador (que não é o mesmo que diafragma) indica por quanto tempo o sensor da câmera vai ficar exposto à luz presente na sua cena.


Uma velocidade de disparo rápida, vai congelar o movimento, enquanto que um disparo longo vai captar o movimento, “borrando” o que está está se movimentando na sua cena.


Na fotografia de natureza você pode tanto querer congelar uma cena como dar a sensação de movimento nela.

O importante aqui é entender como a velocidade do disparo vai congelar ou “borrar” a cena. Assim você não tem uma surpresa desagradável depois do clique…

Por exemplo, nessa imagem abaixo eu usei uma velocidade de disparo mais rápida, 1/100, e congelei o movimento da queda d’água.




E já nessa outra, usei um tempo de disparo um pouco maior, tipo 1/6, e por isso consegui esse efeito “blur” na imagem, ou seja, capturei o movimento da água.



ABERTURA:

A abertura do diafragma é responsável por 2 coisas: quantidade de luz que chega até o sensor e pela profundidade de campo (quanto da sua imagem está no foco).

Um diafragma bem aberto, tipo f/2.8, vai permitir que muita luz chegue ao sensor da câmera, o que significa que você pode usar uma velocidade de disparo mais rápida… Mas também significa que você terá uma profundidade de campo bem menor. Ou seja, apenas uma pequena parte da sua imagem estará no foco.

Já um diafragma mais fechado, tipo em f/16, significa que você precisará de uma velocidade de disparo um pouco mais lenta, mas por outro lado, você terá uma profundidade de campo maior. Ou seja, uma área maior de sua imagem estará no foco.


Pense: se você quer isolar o assunto do plano de fundo (ou do primeiro plano) então um diafragma bem aberto vai te ajudar a obter esse resultado.

Porém, se você quer uma imagem com mais áreas em foco, então você vai precisar fechar o diafragma.


Para fazer fotos mais nítidas e focadas é interessante você trabalhar com 2 ou 3 pontos após a máxima abertura da sua lente. Então para uma maior nitidez, considere usar aberturas que vão de f/8 a f/11.

Por exemplo nessa foto do Fred, usei um diafragma em f/2.0 e isso fez com que o foco ficasse apenas nos olhos dele:



Frederico


Enquanto que nessa outra, fechei o diafragma em f/18 e dá pra ver que os diferentes planos estão no foco:



ISO

O ISO controla a sensibilidade do sensor a luz. Ou seja, na prática, isso significa que usar um ISO alto vai te permitir usar velocidades de disparo mais rápidas com diafragmas mais fechados! Pegou essa?

O lado ruim de usar ISO alto é que aumenta o ruído na imagem… Porém, isso é algo que você pode também minimizar na pós produção! E outra, as câmera estão cada vez melhores e hoje em dia é possível trabalhar com ISOs bem mais altos sem tanto problema.


COMBINANDO TUDO: O TRIPÉ DA FOTOGRAFIA


Esses 3 fatores (velocidade do obturador, abertura do diafragma e ISO) controlam o brilho, profundidade de campo e nitidez da sua imagem.

Eles interagem um com o outro e se você mudar o valor de algum, é bem provável que tenha que ajustar outro.

Se você não está familiarizado com esses 3 conceitos, sugiro este material para se aprofundar e dominar o tripé da fotografia.



ATIVIDADE PRÁTICA:

Separe um tempo para fotografar em modo manual. Ajuste o ISO, abertura, velocidade de disparo… Preste atenção na sua imagem:

  • O que muda quando você altera uma das configurações?
  • Fica mais clara?
  • Mais escura?
  • Mais nítida?
  • O assunto em movimento fica congelado ou “borrado”, dando a sensação do movimento?



COMPOSIÇÃO:

O mais clássico na fotografia de paisagem é ter um objeto [interessante] no primeiro plano que direciona o olhar para um cenário mais dramático.



No caso dessa imagem meu “objeto interessante” seria o Elton… rs

Isso acabou se tornando uma fórmula clássica justamente porque funciona. Masssss, é também uma fórmula que pode facilmente te levar ao erro.

De uma forma bem simplista, a fotografia de paisagem é composta de uma combinação de linhas, camadas e planos.

– A linha, pode ser um elemento visual presente na cena, como um tronco de árvore ou o curso de um rio. Ou pode ser algo que esteja implícito, onde 2 ou mais elementos inter relacionados direcionam nosso olhar pela cena.




Em ambos os casos, as linhas são as responsáveis por direcionar o olhar do observador por toda a imagem.
– As camadas estão relacionadas a profundidade dos elementos da cena. Esses elementos podem ser qualquer coisa na cena: um gramado, árvores, pedras, montanhas, rios… Porém, eles se destacam pois estão em planos diferentes, formando assim as “camadas”.

Aqui mesmo, tem a camada das pedras logo no primeiro plano, a camada da primeira queda, depois da outra queda, das árvores…





– E por fim os planos são elementos que dão a clara sensação de profundidade. Por exemplo, uma estrada desaparecendo no horizonte, ou um rio sumindo entre um vale…

Tipo assim:



A forma que esses elementos interagem é o que faz uma imagem ser agradável ao olhar ou péssima…

Numa composição clássica, o elemento do primeiro plano e o cenário dramático estão conectados através destes elementos e eles interagem de alguma forma.

E eles podem interagir de inúmeras formas, seja pela cor, forma, justaposição ou algum outro aspecto de interesse do observador.

Todos esses aspectos de uma imagem são como um quebra-cabeça para os fotógrafos. E com prática, você vai começar a entender como criar essa relação entre os elementos de uma forma que seja agradável ao olhar.


DETALHES

Cada cena tem seus elementos de interesse… Seja uma flor, uma pedra, uma sombra, uma luz, uma fonte de água ou uma montanha distante. Uma teleobjetiva vai te permitir isolar esses detalhes da cena toda.




Nessa hora é interessante ter uma lente zoom, como as que eu mencionei lá em cima (se pulou essa parte volta lá pra ver quais lentes teleobjetivas eu recomendei).

Pense nessa ‘técnica’ como uma forma de simplificar a imagem até ‘sua fatia’ mais fascinante!


NOTA SOBRE DISTÂNCIA FOCAL DA LENTE


Lembre-se que a distância focal da sua lente impacta na profundidade de campo da sua imagem. Quanto mais longa for a lente (tele) menor a profundidade de campo.

Por isso é bem mais difícil (se não, impossível), ter uma imagem nítida em todos os planos quando se utiliza uma teleobjetiva.

O ideal é usar a tele quando você quer isolar um detalhe da imagem. E de preferência, que não tenha nenhum elemento no primeiro plano.


Por outro lado, com lentes grande angular, fica bem mais fácil de obter uma grande profundidade de campo.

Usando um diafragma um pouco mais fechado sua foto como um todo vai ficar no foco.


ATIVIDADE PRÁTICA:

  1. Comece com uma lente tele zoom como as que eu sugeri acima e foque nos detalhes da paisagem. Faça algumas fotos dos detalhes, de posições diferentes pra você observar a mudança da luz nos diferentes ângulos. Teste!
  2. Depois de testar bastante, mude pra grande angular e veja se você consegue encontrar composições bacanas que incorporem os detalhes que você acabou de fotografar, mas que também possam incluir o plano de fundo.
  3. Agora, de posse da grande angular, comece a pensar nas linhas, planos e camadas na cena e como eles interagem:
  1. O resultado é prazeroso ou caótico?
  2. Como você pode tornar tudo mais interessante?


MACROFOTOGRAFIA: O mundo secreto das pequenices

A fotografia macro abre um novo mundo a nossa volta! Se pra fotografar paisagem você precisa percorrer diversos lugares, pra macro um pedacinho de grama pode garantir diversão por algumas horas!



Com a lente macro conseguimos ver detalhes que não conseguimos a olho nu. Vemos uma perspectiva totalmente diferente da que estamos acostumados.

Para quem quer se dedicar a sério na fotografia macro, é necessário investir pesado em equipamentos específicos a essa área da fotografia.


Felizmente tem algumas dicas e ‘atalhos’ que podem te fazer economizar uma boa grana e que vão te proporcionar ótimos cliques!

O bom de usar uma lente macro (seja ela 50mm, 100mm, 150mm) é que ela permite focar de uma distância bem curta. Ou seja, você pode chegar BEM perto do assunto.

Geralmente essas lentes são ‘claras’, ou seja, tem grandes aberturas de diafragma, como f/2.8, o que permite disparos bem rápidos (o que eu recomendo para esse tipo de foto).

Se você não tá disposto a gastar com uma lente macro, existem algumas alternativas…

Tubos de Extensão – São tubos que ficam entre a câmera e a lente. Ele diminui a distância mínima de focagem, ou seja, dessa forma você consegue fotografar mais de perto e por isso este é um recurso bastante usado pra fotografia macro. Por ele não ter nenhum elemento ótico, sua imagem não perde qualidade.

Teleconversor (TC) – O TC (como é carinhosamente chamado) é como um binóculo para sua lente. Diferente dos tubos de extensão, o TC conta com elementos óticos que aumentam o assunto da sua foto. Existem TC de 1.4x, 2x… Ou seja, se você está usando uma lente 10mm, com um TC de 1.4x, ela se transforma em uma 140mm, e com um TC 2x ela vira uma 200mm. Porém, nesse caso pode ocorrer uma perda leve na qualidade da imagem.


fotografia de natureza guia definitivo tuboextensor-teleconversor



Para mais detalhes sobre Fotografia Macro recomendo muito a leitura desse artigo.


FOTOGRAFIA DE VIDA SELVAGEM

Mais do que em qualquer outra área da fotografia de natureza, ao fotografar vida selvagem, nós fotógrafos, devemos agir com responsabilidade, cuidado e principalmente respeito.

Mais acima eu falei sobre o uso do playback na fotografia de ave… E eu queria muito ter presenciado isso só uma vez, mas não… já vi fotógrafos abusarem do playback INÚMERAS vezes ou mesmo matando insetos para fazer a foto deles mortos e com isso conseguir o tal do “empilhamento de foco” (que é uma técnica utilizada na fotografia macro).

Fora isso, as pessoas as vezes se aproximam de ninhos, de bichos que podem atacar… Enfim, a lista vai longe!

Fotografia de vida selvagem é um jogo de paciência!

Não dá pra ‘acelerar o processo’. Então, POR FAVOR, tome o tempo que for necessário pra fazer sua foto. O mais bonito desse tipo de foto é justamente a naturalidade da ocasião. Então esteja ciente disso.

E se você é uma pessoa muito ansiosa, das duas, uma: ou esse tipo de fotografia não é pra você, ou é uma ótima chance de você praticar a paciência.

Pense nisso como uma terapia: vá pra relaxar… curtir… observar… Esteja presente.

Vale aqui a prática do tão falado nos últimos tempos: “Mindfulness”. Que significa apenas: estar presente no momento presente, esteja com a atenção plena no AGORA, e não pensando no que fez ou vai fazer.

EQUIPAMENTO:

Quando alguém fala em fotografia de vida selvagem automaticamente já pensamos naquelas lentes enormes e caras, que valem mais que uma casa e que precisa de 3 pessoas pra carregar… Rss Tá, exagerei um pouco (ou nem tanto!).


fotografia de natureza guia definitivo - maior teleobjetiva do mundo
A lenda: Lente Canon 1200mm!


Fotografia de animal selvagem pode ser feita com diversas lentes de diferentes distâncias focais, porém, na maior parte do tempo é sugerido uma teleobjetiva, como uma 100-400mm por exemplo.

Todo mundo sabe que essas lentes não são baratas. Porém, temos algumas alternativas interessantes por aí…

É o caso de outros fabricantes de lentes como a Tamron e a Sigma. O preço deles geralmente é bem melhor do que Canon e Nikon, por exemplo.

Aliás, só como curiosidade, fotografei com uma Tamron 100-500mm que a querida Jo me emprestou, quando estivemos lá no Sítio do Espinheiro Negro e adorei a lente!



 caso você não tenha um tripé, um monopé vai muito bem também!

TÉCNICA:

Como diz aquela famosa frase do Robert Capa: “Se suas fotos não são boas o suficiente, então você não está perto o suficiente”… Claro que não é bem assim. Porém, quando você consegue uma maior aproximação é mais fácil de criar uma imagem mais interessante. É claro que existem muitas exceções! Mas a proximidade ajuda sim.



CUIDADO:

Vale lembrar que é comum na fotografia de vida animal, principalmente de ave, o fotógrafo se preocupar APENAS com o zoom… Como se o interessante fosse apenas a foto mais aproximada… E se esquecem que uma boa composição nem sempre precisa de um close up do bicho.

Muitas vezes a foto se torna muito mais interessante quando você captura o contexto onde o bicho está: uma parte do cenário, a vegetação, a árvore…



É aqui que entra a paciência. Se você é meio afobado e vai correndo se aproximar do animal, já era! É bem provável que você vai espantar o assunto da sua foto…

Mas como sempre temos alternativas para isso…


Vá em lugares onde os animais estão acostumados com a presença humana!


No Brasil existem muitos parques que permitem contato bem mais próximo com animais que dificilmente veríamos na natureza.

E pra quem curte “passarinhar”, vá em locais com comedouros. Não tem jeito melhor pra fotografar ave! E mesmo assim é preciso agilidade e rapidez porque os bichinhos não param quietos! Esses modelos são muito agitados! 😀

SEGREDINHOS:

– Use um “blind” – Blind vem do inglês, esconderijo, e muitos fotógrafos fazem uso dele para ficarem literalmente escondidos dos bichos. Eles são ótimos pois te permitem uma aproximação maior sem interferir na rotina do animal.


fotografia de natureza guia definitivo - blind


– Camuflagem – Assim como o blind, a camuflagem permite que você passe desapercebido pelos animais… E vale tudo: roupas camufladas, adesivo camuflado para lente, chapéu, jaqueta… Enfim, a camuflagem pode ser extremamente útil, desde que você tenha paciência (a lá ela aí de novo…) de ficar ali parado por um bocado de tempo.


fotografia de natureza guia definitivo - camuflagem
No final das contas, tudo isso não vai surtir efeito se você não tiver paciência: simplesmente esperar pelo momento certo.

Vá, encontre um lugar legal com uma boa luz e observe… Veja o que acontece. Nossas melhores fotos de vida animal foram feitas dessa forma.

Exposição:

Diferente de fotografar paisagem, quando se trata de vida selvagem temos muita ação… Por isso, se você não está habituado a usar o modo manual, aqui entram os modos de prioridade.

Na verdade conheço muitos fotógrafos que usam apenas modo de prioridade pra esse tipo de foto, pois assim podem focar na composição, na luz, no ângulo enquanto a câmera faz o resto. Afinal, a tecnologia está aí pra ajudar não é mesmo?

Velocidade do Obturador:

Como aqui o assunto se movimenta você tem duas opções: congelar o movimento do animal, ou fazer algo mais criativo e capturar o movimento, dando aquele ‘blur’ na cena.

Por isso sugiro que você use o modo de Prioridade de Velocidade (Tv ou S) e assim você tem mais agilidade pra ir de um disparo rápido pra um um pouco mais longo.



Composição:

‘Na altura dos olhos’! Já ouviu essa expressão?

Pois é… Abaixe-se! Vale deitar, agachar, ficar de cócoras… Quando ver uma fotografia de animal que você goste, preste atenção na posição / altura que ela foi feita.

É provável que a perspectiva seja mais baixa, possivelmente na mesma linha do animal, ou seja, quando o animal está na “altura dos olhos”.




Nós vemos o mundo sempre da mesma posição, e essa é a forma como estamos acostumados a ver as coisas.

Então se você, por exemplo, vê um bicho no chão e tira uma foto de pé mesmo, é bem provável que ela não fique tão interessante como se você tivesse abaixado, na altura do bicho. Fotos assim são mais “chatas”, sem graça.

Agora, quando você se posiciona na altura do animal você vê as coisas de uma outra perspectiva. O que resulta numa foto muito mais interessante.



CONCLUSÃO:

Fotografia de Natureza é um assunto extenso… Tem muita coisa a se dizer e a se aprender! Além de muita prática.

Isso pode assustar num primeiro momento, mas…

…fotografia de natureza é muito mais sobre curtir o processo do que qualquer outra coisa.

Eu adoro fazer boas fotos mas, mais do que isso eu curto o processo de sair por aí e explorar. (Por que será que esse blog tem esse nome? rs)

Gosto demais de como a câmera me faz ficar mais atenta no movimento da luz… No movimento de um animal… Na paisagem…


A fotografia pode ser uma ferramenta pra entender melhor o mundo, mas nós temos que usar nossas câmeras com respeito e bom senso.

Ou seja, esteja atento às suas ações, seja cuidadoso com o impacto que você pode causar e fotografe!



Com o passar do tempo você começa a perceber que as suas experiências, mais do que as fotos, são a parte mais recompensadora!


Agora, bora clicar!

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4 respostas

  1. Hoje em dia podemos tirar várias fotos da natureza com celular cada vez mais modernos. As que eu tiro com meu iPhone sempre posto no meu facebook.

  2. Achei demais todo esse conteúdo. Para quem é iniciante assim como eu, foi muito gratificante ver todo o profissionalismo e a forma simples de como foi apresentado a matéria. Com certeza, ajudou muito.

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Chris Dornellas

Chris é fotógrafa e publicitária e entre uma coisa e outra também cuida desse blog. Quando não está na frente do computador se aventura para algum meio de mato, atrás de novas fotos e histórias. Devoradora de bons livros e chocolate meio amargo, também aprecia uma boa prosa e novas amizades.

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